Qual o melhor caminho para o tratamento da hipercolesterolemia familiar? – parte 3

Qual o melhor caminho para o tratamento da hipercolesterolemia familiar? – parte 3

Esta é a última parte de uma série de 3 posts. Veja a parte 1 e 2, aqui e aqui.

Os problemas do colesterol são geralmente associados às pessoas de certa idade e com determinadas características físicas. No caso da HF, o problema não tem nada a ver com o estilo de vida de um indivíduo e sempre precisa ser tratado. É preciso lembrar que a HF não é uma doença trivial e, neste caso, os níveis sanguíneos de colesterol podem chegar a duas, três, quatro, ou até cinco vezes o normal.

O tratamento

É também importante a má reputação de alguns medicamentos, como as estatinas, usados para baixar os níveis sanguíneos do colesterol LDL. Os usuários e suas famílias precisam ser educados para remover este estigma. Algumas vezes, os pacientes interrompem o tratamento porque outras pessoas lhes disseram que estes medicamentos não funcionam, ou por causa de eventuais efeitos colaterais. Imaginem como se sente uma mãe de uma criança de 10 anos de idade que toma estes medicamentos, e como outros parentes veem esta situação. Isto acontece muito frequentemente.

Segundo a Dra. Maria Cristina de Oliveira Izar, Professora Afiliada Livre Docente Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular, Disciplina de Cardiologia, Universidade Federal de São Paulo, Vice-Presidente do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia biênio 2016-2017 e Diretora de Publicações da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo biênio 2016-2017, as estatinas são os melhores fármacos atualmente disponíveis, quer de forma isolada, quer associados à ezetimiba, para o controle dos níveis de colesterol. Céticos que criticam as estatinas na mídia influenciam, de forma negativa, e levam à falsa crença de que estatinas não são seguras. Metanálises com 170.000 pacientes tratados por 5 anos não mostraram aumento da incidência de câncer, ou de algum tipo específico de câncer, de demência ou alterações cognitivas, de AVC hemorrágico (o que ocorreu foi aumento de AVC hemorrágico em indivíduos de um estudo com AVC prévio - o Sparcle - relacionado a AVCH prévio, ou a pressão arterial não controlada). Podem ocorrer aumentos de enzimas hepáticas, transitórios e reversíveis, aumento na incidência de diabetes, mas associado ao pré-diabetes e a doses mais elevadas das estatinas. No entanto, o benefício na redução de eventos cardiovasculares é maior do que o risco, ou seja, vale a pena tratar.

Falta de comunicação

Os médicos pedem uma maior conscientização da HF, para que os pacientes fiquem mais dispostos a tomar os seus medicamentos. Grupos de apoio a pacientes ajudam a fazer isto e, por sua vez, pedem que os médicos sejam mais bem treinados para responder aos fatores de risco e para aconselhar os seus pacientes da melhor maneira possível.

Uma paciente portadora de HF disse que soube que tinha esta doença, assim como a sua mãe e a sua avó, quando estava na puberdade. Ela disse que o processo de aprendizagem é lento, que ela não tinha consciência da doença e que um especialista a encaminhou a uma dietista. Esta mesma paciente disse que não conhecia a sua própria doença, de que se tratava, e, por isso, não seguiu o aconselhamento. Ela também disse que, antes de 2009, ela nunca recebeu informação clara e explícita sobre a HF e seus efeitos.

Este não é um caso único, e, com frequência, os médicos ignoram características desta doença. Para os portadores de HF é uma prioridade absoluta que os médicos se comuniquem melhor e sejam mais bem treinados.

De outra maneira, será impossível convencer os pacientes a seguirem as recomendações e tomar os seus medicamentos.

A melhor maneira de evitar as consequências fatais da HF (por exemplo, uma morte prematura em virtude de um infarto do miocárdio), é começar o tratamento assim que for possível. Os especialistas recomendam começar a tomar estatinas entre os seis e dez anos de idade. Doses mais baixas podem então ser prescritas para limitar os possíveis efeitos colaterais. É também mais fácil adotar e adaptar um novo estilo de vida, que inclui exercícios físicos e uma dieta saudável se o paciente começar cedo.

No Brasil, é também importante que a AHF reforce as suas atividades junto ao Ministério da Saúde, no sentido de aprovar, através da ANVISA, novos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, vários deles já aprovados em outros países e de obter preços mais acessíveis para os portadores que precisarão tomar estes medicamentos por toda a vida.

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Se você tiver colesterol LDL acima de 210 mg/dl e membros em sua família com infarto em idade inferior a 45 anos, entre em contato com o InCor pelo e-mail hipercolbrasil@incor.usp.br enviando como anexo uma cópia ou foto do seu exame de colesterol junto com um número de contato telefônico. A Equipe do Hipercol Brasil entrará em contato com você!

Continue visitando o nosso site para aprender mais sobre a HF. Leve esta notícia ao seu médico. Espalhe que a HF é tratável, quanto mais cedo diagnosticado melhores são os resultados. A HF é familiar, passa de geração em geração, portanto todos precisam ser diagnosticados.

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