4 verdades sobre a dosagem do colesterol em crianças

4 verdades sobre a dosagem do colesterol em crianças

Há poucos dias, eu li um artigo interessante no site da The FH Foundation dos EUA escrito pela Dra. Ann Liebeskind, uma médica pediatra, internista e lipidologista americana, dona de uma clínica em Wisconsin.

Nesse artigo, ela relata que já foi procurada por mães preocupadas com o fato de pediatras solicitarem exame de laboratório, mais especificamente, dosagem de colesterol em crianças aparentemente sadias.

Então, a Dra. Liebeskind explica que as recomendações anteriores da Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP) de 2008, miravam crianças portadoras de certos fatores de risco, como obesidade, diabetes, ou uma história familiar de doenças cardíacas precoces.

Todavia, quando em 2011 as novas orientações do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (National Heart, Lung and Blood Institute – NHLBI) dos Estados Unidos, apoiadas pela AAP, expandiram a testagem para todas as crianças com idade entre 9 e 11 anos (e, novamente, entre 17 e 21 anos), isto foi uma grande mudança, conhecida como “Triagem Pediátrica Universal do Colesterol” (“Universal Pediatric Cholesterol Screening”).

A Dra. Liebeskind disse que a ideia de que os problemas relacionados ao colesterol ocorrem apenas em indivíduos com excesso de peso, pode ser o mito mais comum que ela observou, como uma lipidologista. Ela disse ainda que há vários mal entendidos que merecem ser comentados e então abandonados e esquecidos.

Veja, a seguir, as 4 principais verdades sobre a dosagem do colesterol em crianças, na opinião da Dra. Liebeskind:

1. Os distúrbios genéticos do metabolismo do colesterol são comuns e reais

A doença genética do colesterol mais comum, a Hipercolesterolemia Familiar (HF), é uma doença grave, que ocorre em 1 de cada 500 indivíduos nos Estados Unidos (alguns especialistas citam uma ocorrência de 1 em cada 250 pessoas como uma média mundial, o que dá uma previsão de quase 700 mil brasileiros com HF). A HF é mais comum que o diabetes tipo 1, ou que a fibrose cística, e a maioria dos portadores de HF não tem ideia que eles têm esta doença. As crianças portadoras de HF não sentem nada, mas, no decorrer do tempo, elas desenvolvem sinais precoces de aterosclerose (espessamento das paredes das artérias e eventual obstrução) e têm uma maior probabilidade de ter um infarto do miocárdio antes de atingirem a meia idade.

Uma simples dosagem de colesterol pode detectar a maioria das crianças portadoras de HF; essas crianças, uma vez tratadas, podem ter essas

consequências (formação de placas de ateroma e obstruções) retardadas ou até evitadas.

2. A obesidade pouco tem a ver com a recomendação da triagem universal

A epidemia de obesidade das crianças nos Estados Unidos (e também em outros países) não é a principal razão para a orientação de 2011 (a triagem universal). É verdade que os problemas do colesterol são mais comuns em pessoas obesas; entretanto, os níveis sanguíneos de colesterol elevam-se apenas modestamente em virtude do excesso de peso. Níveis sanguíneos moderadamente ou severamente elevados significam problemas hereditários do metabolismo do colesterol. As crianças portadoras de HF não têm maior probabilidade de terem excesso de peso que as outras crianças.

3. A medicação para reduzir os níveis de colesterol deve ser evitada em quase todos os casos

Ninguém deve prescrever medicamentos redutores dos níveis sanguíneos de colesterol para crianças. Isto dito, as famílias de crianças portadoras de HF e de outros distúrbios genéticos do metabolismo do colesterol realmente precisam considerar estes medicamentos, que incluem as estatinas*. Se esta medicação for iniciada numa idade adequada e for monitorada por um especialista, ela é segura e pode salvar vidas. Esta decisão deve ser tomada em conjunto pelo médico, os pais e a criança.

*Nota: não podemos nos esquecer de que atualmente já existem alternativas eficazes, como você pode ver neste post.

4. Fazer a triagem de crianças oferece uma oportunidade para todas as famílias

Embora as famílias com HF possam precisar considerar as medicações, todas as famílias devem focar em melhor nutrição e em atividade física. Não há pais perfeitos. Todos nós, pais, tentamos ensinar as nossas crianças a comer bem, serem ativas e limitar o tempo gasto olhando para telas. Neste aspecto, há dias melhores e outros piores.

Mas, há realmente uma boa oportunidade para gastar algum tempo com os médicos das nossas crianças, revisando os atuais comportamentos familiares relacionados à nutrição e à atividade física, e estabelecendo metas futuras.

Se o peso e os níveis de colesterol das nossas crianças não são os ideais, você pode reavaliar a situação, assumir o controle e redirecionar os seus esforços, a tempo de prevenir doenças.

Não se esqueça de que, você como pai (ou mãe), é o modelo mais importante a ser seguido pelos seus filhos. Este é o momento de fazer mudanças

positivas, isto é, quando as crianças começam a ficar independentes e a formar hábitos próprios de vida.

Juntos, nós podemos fazer progresso sem precedentes para a saúde das futuras gerações.

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Se você tiver colesterol LDL acima de 210 mg/dl e membros em sua família com infarto em idade inferior a 45 anos, entre em contato com o InCor pelo e-mail hipercolbrasil@incor.usp.br enviando como anexo uma cópia ou foto do seu exame de colesterol junto com um número de contato telefônico. A Equipe do Hipercol Brasil entrará em contato com você!

Continue visitando o nosso site para aprender mais sobre a HF. Leve esta notícia ao seu médico. Espalhe que a HF é tratável, quanto mais cedo diagnosticado melhores são os resultados. A HF é familiar, passa de geração em geração, portanto todos precisam ser diagnosticados.

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  1. […] remédios que existem para controlar e baixar o colesterol só devem ser usados em crianças, em casos […]

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