Este é um relato feito por Benjamin Helm para o site FH Foundation dos Estados Unidos em 15 de fevereiro de 2015.
“Eu tenho 31anos de idade. Como isto foi acontecer”? Meu irmão mais velho Bryan sentou-se no leito; os olhos dele estavam espantados após uma noite sem descanso no hospital. Bryan levantou o seu braço para coçar a cabeça, e eu pude ver a ferida suturada no seu punho por onde foi introduzido um cateter cardíaco.
“Eu me sinto muito melhor”, disse ele. Ele me mostrou o caminho do balão-cateter até duas artérias coronárias que estavam obstruídas (99 e 100%, respectivamente). A sua disposição alegre era levemente fingida. Ele estava com medo e confuso. Até o dia anterior ninguém sabia – nem mesmo o seu clínico geral – que o meu irmão estava a caminho de um ataque cardíaco (infarto do miocárdio).
Um homem de 31 anos de idade com sintomas de um iminente infarto do miocárdio era algo inesperado. Os típicos fatores de risco de uma doença coronariana obstrutiva, mais comum em pessoas acima dos 65 anos de idade, não estavam presentes. Todavia, havia um fator de risco crucial que ajuda a explicar o que aconteceu – a nossa história familiar.
Quase 20 anos antes da colocação dos stents em Bryan, nosso avô morreu relativamente jovem de complicações de uma cirurgia cardíaca a céu aberto. Eu ainda me lembro da tristeza e da confusão em nossa família após esta morte súbita. Alguns de nossos tios passaram o inicio da idade dos 40 ou dos 50 anos às voltas com múltiplos ataques cardíacos, stents coronários e cirurgias de pontes de safena, ou similares.
Mesmo antes de eu começar uma carreira na área de aconselhamento genético, esses padrões familiares eram impressionantes e enervantes. Na época, eu era um calouro na faculdade e soube que os meus níveis sanguíneos de colesterol estavam três vezes acima do normal, aumentando o meu medo desses padrões familiares.
Naquela época a minha própria pesquisa me levou a adotar uma dieta vegetariana e a aprender sobre uma doença hereditária chamada hipercolesterolemia familiar (HF). Durante o meu treinamento profissional, eu aprendi que a doença obstrutiva das artérias coronárias era um assunto complexo com muitos fatores genéticos e ambientais atuando. A nossa história familiar pode ser explicada por diversos fatores, o que nos trouxe algum alívio. Mas, sem um parente em primeiro grau afetado, como um pai ou um irmão, eu não podia fazer o um próprio diagnóstico de HF. Assim mesmo, esta possibilidade duraria anos.
Apesar de conhecer a nossa história familiar, o meu risco pessoal parecia ser algo distante e ambíguo. Isto mudou quando Bryan me informou sobre os resultados da sua angiografia e dos seus níveis sanguíneos de colesterol gravemente elevados. Enquanto eu voava com os meus olhos vermelhos para estar com ele no hospital, eu não parava de pensar que “aí está o meu parente em primeiro grau; nós precisamos fazer testes genéticos e eu preciso começar a tomar estatinas. O outro irmão precisa ser escaneado”.
Durante a recuperação de Bryan, eu marquei uma consulta preventiva com um cardiologista, numa clínica dedicada à HF. Nós revisamos os resultados dos exames anteriores de lipídeos, que mostravam claramente que nove anos de uma dieta vegetariana e de atividade física decente tiveram um pequeno efeito sobre os meus níveis sanguíneos de LDL colesterol. Esses níveis continuavam sendo o dobro do que deviam ser.
Fonte: FH Foundation - https://thefhfoundation.org/getting-personal
Para ver a continuação desta história, leia o nosso próximo blog post na semana que vem.